sexta-feira, 17 de setembro de 2010

João Ferreira Cardoso




Um exemplo de busca pela verdade, ou o mais que se aproxime dela... E uma vez encontrando abraçou-a segurou-a firme até o dia de sua morte.

Neste dia 17 de setembro de 2010, João Ferreira Cardoso, carinhosamente chamado por nós de "Vô Ferreira" completaria 101 anos de vida, faleceu em 1993, deixando sua esposa: Ana, 8 filhos, vários netos entre bisnetos...

Jamais teria como narrar toda a trajetória de vida deste saudoso patriarca que até hoje seu exemplo de vida e moral de ilibada fala nas memórias e lembranças de quem com ele conviveu.

Para mim entre outros seu maior exemplo de perseverança foi há busca por algo que não fosse o senso comum, uma busca por algo que destoasse da mesmice religiosa nestes últimos séculos criado, algo que fosse coerente e condizente com os ensinos do 'Apostolo Póla - era como ele dizia o nome de Paulo - sendo este apostolo um de seus referencias em busca da verdade.

Devo confessar que enquanto escrevo, relembrando do vô Ferreira, lagrimas furtivas me escapam, enquanto um nó se forma na garganta...

Um breve roteiro de sua vida religiosa seria: Foi por muitos anos Católico... não sei precisar se praticante; já casado conheceu a Cristã Dalbista (que até o presente momento não consegui muitas informações sobre esta denominação religiosa, porém quero crer que seja a Cristã Evangélica); há relatos que teve uma breve passagem também pela Assembléia de Deus, mas sua busca por algo mais continuou...

Conheceu então a Adventista da Promessa, pois em sua busca creu que o Sábado é um dia especial de adoração a D´us, bem como creu na mensagem sobre se abster de comidas imundas. Porem agora vem uma das partes que mais denota sua busca por seguir o roteiro traçado por D´us num livro conhecido comumente como Bíblia.

Com pouco grau de instrução e com uma leitura fraca, mas o suficiente para analisar as Escrituras, leu meu avô em determinado lugar que: "quem crer e for batizado será salvo..." e isso bateu forte em seu ser, pois ele queria tão somente seguir o que a Bíblia mandava, uma vez que quando ele foi para a Adventista da Promessa, lá foi recebido com o batismo realizado na Cristã Dalbista, bem como sua esposa e vários filhos entre genros e noras, e nesta denominação não se guardava o Sábado bem como não tinha a Abstinência Alimentares.

Relatava ele - e ainda tem em vida todos seus filhos, bem como parentes e amigos que podem confirmar tal história - que procurou os Pastores Promessistas e relatou tal fato, que ele creu, porem não tinha sido batizado... A resposta dos Pastores foi atordoante pra ele quando disseram: "irmão João Ferreira o Sr. já foi batizado, não precisa mais", e quando vô Ferreira argumentou que ele creu em coisas novas, que não cria antes, e precisava ser batizado, pois "quem crer e for batizado será salvo", veio o tiro de misericórdia dos Pastores: "pode deixar irmão João, nos garantimos sua salvação, não se preocupe...". E agora? Voltar ele não voltaria mais, e pra onde ir agora? Meu avô ficou sem norte.

Foi neste ínterim que Amauri Ferreira se desvincula da Promessa e funda a Igreja Adventista da Promessa Conservadora e saiu pelo país espalhando as "boas novas".
Chegando no sitio do Irmão João Ferreira, Amauri lhe comunicou o que se passava... Meu avô não pretendia sair da Igreja da Promessa, apenas queria ser batizado, foi quando Amauri o convenceu que era a mesma fé e que por sua vez o batizaria... E num belo dia lá se foram as águas correntes e batizou-o bem como em determinado tempo batizou sua esposa Ana, seus dois filhos caçulas - Milton e Adil - ainda não teria uma idade conveniente para ser batizado, e estes dois moravam ainda com seu velho pai. Os demais filhos - José, Geraldo, Genaro, Maria, Ilda e Zilda, a maioria destes já casados tinham idade batismal, Lembrando ainda que alguns testes também foram recebidos na Promessa com Batismo em outras instituições.

Pois bem, quando a cúpula da Promessa ficou sabendo que meu velho avô teria sido batizado na Conservadora vieram correndo e batizaram os filhos de João Ferreira, o que o deixou muito triste e indignado com tal atitude, pois ele não queria sair da promessa, apenas queria ser batizado, e como numa artimanha os Pastores da Promessa apunhalaram o Irmão Ferreira.

Chateado com tal situação, isso não é segredo para ninguém, meu avô mau conversava com os Promessistas... E posterior segue-se muitas histórias entre o ranzinza - por causa da situação - João Ferreira e seus algozes Promessistas.

Porém mesmo descobrindo tais verdades e passando por essa injustiça, João Ferreira continua sua saga com sua velha Bíblia lendo e analisando tudo.

Quando então por volta do ano de 1985, alguém anuncia a João Ferreira algo que mudaria totalmente e para sempre o rumo de sua vida religiosa, entre outras coisas lhe anunciaram que “ninguém vai morar no céu, pois a terra foi feita para o homem e aqui ele permanecera e a crença de uma morada no Céu não passa de uma crendice”. Essa fala deixou meu avô intrigado, e como faria um Bereano ele foi ver se era assim mesmo que dizia as Escrituras.

Mas depressa que pode, pediu para alguém mandasse uma carta para que alguém lá da cidade de "som póla" viessem para explicar em que consistia essa teoria, não só essa mas muitas outras, tais como, “trindade é paganismo”, “Origem de um povo e não participação e vinculo com protestantismo”, “que D´us tem um único povo etc etc”.

Algum tempo depois chega alguém para explicar e tirar todas as dúvidas que se poderia ter, e resumindo a História, João Ferreira tomou por fim a decisão que o acompanhou até sua morte, de seguir os preceitos das Escrituras Sagradas, quando em 1986 ele desceu as águas batismais, filiando-se a Congregação do Primeiro Século, a Kehilat Elohin – Congregação de D´us ou como queiram: Congregação Israelita da Nova Aliança, e a ele se seguiu apenas sua esposa: Ana, e dois filhos e uma filha - Milton, Adil e Ilda - os demais permanecem até a atual data, inertes pelo caminho.

Pretendo um dia escrever um relato acurado sobre a vida religiosa de João Ferreira Cardoso, e neste conterá histórias curiosas e engraçadas sobre esta trajetória: como o casamento de uma de suas filhas em um dia chuvoso etc.

Este Senhor é meu exemplo e modelo de vida, sempre em busca de algo mais, ele não desistiu enquanto que por várias vezes com lágrimas o final de suas orações dizia: "...para que possamos entrar na Cidade Santa pelas portas, Amém”.
Texto: Gímerson Ferreira de Souza
Foto: Arquivo da Familia.
Na primeira foto temos: Joao Ferreira, Ana sua esposa e Maria sua filha, foto tirada por seu genro: José Euzebio Peixoto.
Na segunda temos várias pessoas em frente a primeira Beit (casa) ou Kehilat (Congregação) Elohin do Centro Oeste do Brasil, na gleba 'Canaã', no então municipio de Rio Branco - MT. Hoje, pos divisão, Lambari D´Oeste - MT.
Obs. Na segunda foto, do lado esquerdo segurando um chapeu, temos João Ferreira Cardoso. E atrás do arbusto de calça comprida e camisa manga comprita temos Eu...rs!... Tempos memoráveis.

2 comentários:

Geisaquele disse...

e eu sou a de vestidinho azul com uma fita vermelha nos cabelos, logo atraz de um pia barrigudinho que inclusive é o Guedy. xD!!!

Eita nós!
Como o Tempo passa!

Anônimo disse...

A historia de vida do seu avo, realmente e uma licao de vida, nao so para voces, mas para todos que tiveram ou ainda terao a oportunidade de ler sobre ela... Parabens pela familia linda!!!!