sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Fim de uma História - Uma semi-tragédia "Grega"!


E na quarta rodada de tereré com 3 amigos;

Um possante carro em frente minha casa parou

Dele uma linda jovem de olhos verdes desceu

Peguei minha boina, apoiei-me na bengala,

Fui atende-la, quando gentilmente me cumprimentou

 

Tendo meus velhos olhos embaçados pelo tempo,

Pela ajuda de um óculos a contemplou

Lembranças de um longínquo passado me rondou

Meu coração estremeceu,

Cambaleando um amigo me amparou

 

A Linda jovem, após aquele doce “boa tarde”, para o alto olhou.

E fitando os verdes olhos em mim, seu olhar merejou.

“Minha mãe”... E um longo silêncio se passou...

“Minha mãe quer lhe ver”... E em choro desabou

“No hospital está enferma”... Meu coração gelou

 

Pasmado olhei a linda jovem, e uma pergunta lhe proferi.

Quem és sua mãe...

Estendendo sua mão, uma foto ela me mostrou...

“Ai esta o Senhor e mamãe...

Em uma foto que minha avó sempre guardou”.

 

“Tua história vovó sempre-me contou...

Desde o dia em que num velho arquivo este retrato achei..

Mamãe preferia não tocar no assunto

E sempre a via chorando sozinha em silencio pelo quarto

Quando eu insistia muito”.

 

“Sei dizer que vovó já se foi, esta foto me deu, que com carinho guardei”

Então, numa cadeira sentei, as lagrimas correram.

Ela novamente insistiu: “minha mãezinha quer lhe ver”.

Relutante não aceitei, aconselhado pelos amigos então no carro entrei

E em silêncio até o hospital cheguei.

 

No trajeto a linda jovem me contou... “Pai morreu jovem

Mas antes disso minha mãezinha e eu ele abandonou

Por isso gostava de ouvir as história de vovó

E com imaginação sonhava”... Neste instante o choro dela foi nítido

“Que pai maravilho o senhor teria me sido”

 

Na porta do quarto parei, já não continha as lagrimas.

Minha linda “filha” me amparou, até o leito de sua mãezinha chegar.

Fitando os olhos em mim, convalescendo me disse:

Você prometeu que nunca casaria, e vejo que cumpriu

Por favor, me perdoe pelo sofrimento que lhe seguiu.

 

Agora com minha velha e surrada boina...

Apoiado por uma filha que nunca tive,

Lentamente acompanho um cortejo... À cidade dos mortos lá vou indo

E pela ironia do destino que muito me desatina

Presto a última homenagem àquela que um dia foi minha linda menina!

 

O destino nos prega peças... E esta foi uma muito atordoante.

Porém, hoje vivo um pouco mais feliz,

Pois em minha casa corre alegremente Moises e Lais

Que sorridentes e alegres me chamam de avô

Estes são filhos daquela linda moça

Que um dia seu carro em frente a minha casa parou.

 

Tenho por certo que as aflições que por estes anos passei

Hoje são amenizadas por a “filha e os netos” que ganhei

Agora meus últimos anos de vida serão a todos eles dedicados

Inefável será explicar, bem como memorar tudo isso

Sem que lágrimas furtivas em silêncio deixem seu recado.

 

Texto: Gímerson F. Souza

Foto: google imagem

Composto em 04 de novembro de 2009 as 12:52hs